quinta-feira, maio 31, 2007

Infância, memórias e tanto mais

Dia desses, num daqueles estalos que o cérebro te presenteia, lembrei da Nova Turma do Balão Mágico. Era uma formação do grupo que incluía 2 menininhas que eram gêmeas e cantavam "ô bruxinha bonitinha da vassoura de capim". Procurando pelo grupo na internet, descobri pela data do álbum que eu tinha uns 5, 6 anos quando eles iam cantar no Xou da Xuxa, então eu provavelmente tinha essa idade quando pedi o LP de presente de alguma coisa. Acho que foi a primeira grande tietagem da minha vida, eu simplesmente AMAVA as músicas, imitava as coreografias no espelho, adorava ter o cabelo da mesma cor e com o mesmo corte do das menininhas. Queria até ser gordinha como elas, o conjunto era muito mais harmônico, eu era muito magrinha e desengonçada. As imitações das dancinhas no espelho não ficavam tão bonitinhas quando a personagem era eu! ;)
Essa lembrança me fez resgatar muitas outras. Continuei minha busca pela internet com o objetivo de despertar memórias que há muitos anos estavam adormecidas. Digitei "Trem da Alegria" e "Balão Mágico" no youtube e alguns vídeos me arrepiaram. Jairzinho cantando "Bombom" e dançandinho foi lindo. O mais engraçado é que eu conseguia cantar todas as músicas, as letras iam reaparecendo na minha cabeça. Na verdade elas nunca saíram daqui.
Deitada pra dormir, eu não parava de lembrar de músicas e cantores que fizeram minha infância tão cantante e dançante como foi. Músicas da Xuxa, Angélica, Mara, Paquitas (pra citar as animadoras clichê) até Gugu Liberato, Turma da Mônica, Os Smurfs, Arca de Noé, Kiko e Kika (esses últimos não tão conhecidos... acho que só meu irmão pra lembrar de tudo isso comigo).
Disse o Cook: "você é uma enciclopédia de músicas infantis!". E modéstia às favas, creio que realmente sou. O que eu não consigo entender é: Como posso lembrar tanto de coisas que faziam parte da minha vida há uns 20 anos?? E consigo lembrar de tudo, até das sensações, impressões e anseios. Eu já não sei o que eu aprendi na faculdade!!! Não lembro o nome dos meus professores do cursinho! Esqueci de fazer ontem de tarde o que eu tinha decidido fazer pela manhã!
Mas também faço uma ressalva... existem aquelas coisas que seria melhor esquecer, e aquele mesmo estalo do cérebro que me presenteou uma vez, agora sacaneia.
Será nossa memória feita de conteúdos eminentes de sensações emocionais? Tô achando que sim... E por que tenho as memórias infantis mais vivas do que as de adolescente, por exemplo? Já não lembro mais das letras das bandinhas straight-edge dos shows de hard core que frequentei por tantos anos da vida. "Gato na tuba"? Ah sim, posso começar a cantar? Acho que na época adolesçoila as sensações eram sempre meio mornas. Nem muito felizes, nem muito tristes. "Viva a política! Abaixo a religião! Deixo a emoção para os emos de plantão!". Nem os ideais politicais lembro direito mais. Isso porque não eram de coração, era a cabeça forçando a ação.
Gosto muito dessas minhas memórias felizes que fazem eu entender, pelo menos um pouquinho, a adulta que sou agora. As memórias tristes e indesejadas também são bem vindas. Posso aceitá-las por ser dos privilegiados do mundo que não sofreram tanto assim. E elas, afinal, também fazem parte do pouquinho que eu entendo de mim.
Só queria saber um método organizacional de memória que não me deixasse esquecer o que eu devia lembrar. Ou pensar com o coração em tudo o que eu deveria saber.
Lidar com a emoção é tão difícil... e eu ainda acho que sei de alguma coisa... ;)

sexta-feira, maio 25, 2007

escrito escrito por escriba

Depois de muito, eis-me aqui. Volto com a intenção de explicar o motivo do sumiço.
É muito mais fácil para mim expressar meu cotidiano, do que meus pensamentos. Não sei até que ponto quero fazer desse blog um diarinho. Na real, não quero. Gostaria de conseguir contar o que eu sinto sem ter que citar fatos e usar palavras já inventadas pra exprimir meus sentimentos. As metáforas me são muito mais difíceis. Me obrigam a pensar sobre tudo e a dizer as coisas como nunca foi dito. Não, "como nunca foi dito" é muita pretensão, mas pelo menos, dizer diferente de como se fala todos os dias. Poder dizer da introspecta necessidade de ser pró-ativa no mundo, sem usar o termo publicitariozinho cult e nem ter que ficar explicando todas as minhas angústias em ser reativa. Também gostaria de não precisar usar o termo "angústia", porque tá aí um exemplo das palavras que se usa todo dia, que já assumiu (assumiram pra coitada da palavrinha) um termo chavão que não comporta mais todos os sentidos que uma angústia angustiante pode ter.
Fico nadando num mar de palavras inexpressivas e banalizadas que não me servem pra dizer tudo o que eu sinto, todos meus desejos, minhas contradições, minhas alegrias, as fraquezas, as ironias, as comédias da vida. Não coloco a culpa nas palavras, longe de mim! Muito menos nas pessoas, que em sua inocência e necessidade de se expressar, acabaram deturpando e tirando o sentido de tudo. Eu, que geralmente me enquadro na categoria "pessoas", colaboro para esse assassinato. Não, na verdade não estamos matando as palavras, elas continuam vivas, mas estão deitadas e sedadas, para que não se manifestem como deveriam. Para que não saiam do estado vegetativo e surpreendam. Para que não assustem a população e, principalmente, para que não acordem ninguém.
 
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