quinta-feira, novembro 09, 2006

Muito letrados!

Hoje fui almoçar com meu marido japonês lindo e cheguei cedo aqui na agência. Como ainda não tenho chave, fiquei lá embaixo esperando alguém chegar pra abrir a porta e eu poder entrar. Nessa, tinha uma menina (mulher vai...) lá embaixo dividindo comigo as moscas comidas. Começamos a conversar, aquela coisa de sempre “trabalha aqui?” “que dia estranho” “aquele café ali da frente tem um pão de queijo ótimo” “a loja de bolsas da galeria é mto cara”... enfim... Até que chegamos em nossas ocupações. Disse que trabalhava com publicidade, expliquei um pouco de como as coisas funcionam por aqui, normal.

Finalmente chegamos a ela: Avaliadora de pessoas superdotadas! “Como assim?” Todos os dias ela realiza testes em pessoas das mais variadas idades pra saber se são superdotadas ou não, porque elas tem apoio legal se forem, pra pular etapas nas escolas, pra poder dar aulas sem formação... Diz que tem empresas de jogos de videogame que contratam crianças com superdotação (palavra nova em meu vocabulário) para avaliarem os novos jogos, ver se não é mto fácil chegar até o final, se não tem nenhum erro... essas coisas. Impressionante, né?? E nem cheguei nas historinhas ainda...

Semana passada ela atendeu um menininho de 1 ano e meio que sabia ler. O menino usava fraldas ainda, mas lia, tudo.

Outro caso é de uma menininha filha de catadores de papel, que chegou pra testagem (outra palavra nova) com 4 anos e conversava sobre o PIB Brasileiro, pq a guria lia os jornais que o pai catava na rua!

E um menininho de 11 anos que dá aula de anatomia para o curso de Medicina?? Desse tenho até dó...

Perguntei se a maioria das pessoas que vinham fazer o teste eram superdotadas ou não, e ela disse que a maioria são mesmo. Uma coisa que eu não imaginava é que as mães trazem os filhos para fazerem o teste, e a maioria delas fica chateada quando a superdotação é provada. Não imaginava, mas agora entendo. O piá de 11 anos que dá aula de anatomia, estuda no 2º ano do 2º grau no Bom Jesus. Na idade em que ele deveria estar correndo na rua, ele tá convivendo com pessoas com os hormônios a flor da pele estourando em forma de espinhas. Deve sim ser meio assustador, mexe com toda a personalidade do moleque, perde boa parte da diversão. Muitas dessas mães que ficam chateadas com o resultado, guardam o teste pra si... Acabam não revelando nas escolas das crianças, pra que elas não recebam tratamento diferenciado. Nem sempre é legalzão ser inteligente né?

Minha colega de prédio disse que a maioria dos superdotados o são por motivos genéticos (um tio, primo, vô, que também são), mas o estímulo para o aprendizado também conta muito.

Esses dias meu questionamento era sobre pessoas que nascem, crescem, se reproduzem e morrem sem saber ler... e agora me aparecem com essa, superdotados!

Quantos extremos nesse mundo, não?

Um comentário:

olegado disse...

Realmente assustador.... mas confesso que queria ser dotado ao super! Acho todos nós... isto, claro, sem saber que deve ser uma merda ter onze anos e conviver com moleques que fumam, bebem, querem transar a qualquer custo, tem espinhas e sacaneam os outros na rua, sem saber que deve ser uma merda ler o jornal como se fosse um livro de ficção.
Quanto aos extremos, bem... não são bem extremos, vai lá... Um lance é genético e outro distúrbio social. Um se trata e outro se resolve.
Queria saber se tem como uma pessoa completar seu processo vital sendo superdotada, sem saber que o é. Pergunta a ela? Tipo, o analfabeto, sem acesso a nada, cidadão inocente, ou mesmo um sirilanquêis que vive em condições precárias, sei-lá.

Fogo em sua alma. Morte aos mornos! hehehehe

Bjoh

 
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